P.R.O.C.R.A.S.T.I.N.A.Ç.Ã.O
Que palavrão, este!
A maior parte das vezes quando o dizemos nem nos sai bem articulado. E ainda assim todos sabemos o que é, e pior ainda, todos já sentimos o seu devastador efeito.
Procrastinar é adiar. É “transferir para um momento futuro” diz a Infopedia.
Nada demais em adiar ou transferir para um momento futuro. Por vezes, até poderá ajudar a fazer melhor ou de forma mais segura.
Então porque é que é mau?
Porque não transferimos apenas a tarefa que temos que realizar.
Transferimos também o sentimento negativo que lhe associamos – o medo de não conseguirmos, o desconforto da dificuldade que sentimos, o aborrecimento por ser uma tarefa chata, a sensação de incompetência porque não sabemos por onde começar, e por aí fora...
E estes sentimentos não são simplesmente transferidos para o futuro. São antes arrastados connosco a cada momento. E aqui é que se infiltra o efeito devastador.
Porque nos corrói a perceção de competência e nos distorce o sentido de self!
“O meu problema é a procrastinação”.
Foi assim que o Rafael se apresentou. Engenheiro informático com conhecimentos, e perícia reconhecida pela empresa onde trabalha, e que gostaria de avançar na sua carreira. Para isso teria que ler artigos, publicar os seus próprios, aceitar desafios, ter mais iniciativa. E tudo cai por terra, porque “o problema é a procrastinação!”
Fomos à procura dos detalhes e encontramos as seguintes armadilhas no seu pensamento:
“Se é para fazer, tem que ser perfeito”
“Não vou ter tempo de acabar hoje. Amanhã faço.”
“De certeza, que já alguém fez melhor do que isto”
“Nem vale a pena começar porque já sei que vou acabar por desistir”
Desativar estas armadilhas pode implicar uma abordagem paradoxal e começar por afirmar sem medo :
“- Sim! Sou um procrastinador!”
Depois acrescentar a cada uma das armadilhas:
1. “Se é para fazer, tem que ser perfeito” e por isso vou fazer até achar que está perfeito.
2. “Não vou ter tempo de acabar hoje. Amanhã faço” e por isso vou começar hoje e acabar quando acabar.
3. “De certeza, que já alguém fez melhor do que isto” e por isso o meu não vai ser o melhor.
4. “Nem vale a pena começar porque já sei que vou acabar por desistir” e por isso vou ver quanto tempo demoro a desistir desta vez.
O Rafael não está ainda completamente a salvo destas armadilhas.
Agora é capaz de as identificar, antecipar e...surpresa...consegue procrastinar e não cair em alguma delas.
(Photo by Tadao Cern on The Guardian)
Comments